domingo, 20 de março de 2016

A cor dos seus olhos


Eu não sei a cor dos seus olhos
Você pode me achar tola
Mas a verdade é que nunca tive coragem de olha-los
É como se, tudo ficasse branco quando você chegasse
Eu já escrevi isso antes, era outra dimensão
Mas parecia tanto, mas há uma mudança
Você é mais abstrato do que antes

È como se antes eu pudesse aplicar mais advérbios
Agora só me resta acreditar que o impossível é impossível
E sabe de uma coisa? Eu me sinto feliz em acreditar no impossível
Sua perfeição são quebra cabeças insolúveis
Eu não conseguiria soluciona-los

Você já se reparou?
Já percebeu como a sua lapidação é perfeita?
Já se comparou com alguém?
Percebe como você se distingue?

Eu sei que há galáxias que separam
E é por isso que não faço questão de imaginar
É o que posso fazer, escrever, apenas isso
E creia é a primeira e a última também
Eu já me livrei disso antes sabia?

Eu já saí ilesa disso
Basta imaginar mais um pouco
E acreditar que você não seja tão exato
Você conversaria comigo sobre livros?
Apostaria quem já tinha lido mais?
Aprenderia um instrumento por minha causa?
Ouviria Talking to the moon?
No piano, no violino, no saxophone?
Repugnaria as atitudes de Bovary?
Ou isso seria uma via da normalidade?

Quando olho pra você eu não vejo isso
Vejo lapidações genéticas
Causas naturais, probabilidade bem sucedida
É isso que vejo, talvez você não se lapidaria por si

Esperaria acontecer como aconteceu antes
Esperaria o universo tomar por si
E ele faria o que quisesse de você
Bem ou mal, e isso pra mim não faz sentido
Eu sei, você não sabe, mas eu lutei pelo máximo
E o máximo que você vê hoje talvez não seja o ideal
Mas espere eu posso lhe contar um segredo

Eu não sei a cor dos seus olhos
E eles poderiam dizer tanta coisa
Que as suas lapidações foram adquiridas
E foram moldadas com sangue
Ela poderia me responder todas as perguntas acima
E eu poderia imaginar e sonhar novamente
Sem escrever, apenas imaginar e esquecer de novo.

quarta-feira, 16 de março de 2016

Já são flores Edu


-Então a culpa é minha.
-Sim Lizie, você me deixou lembra-se?
-Sim, te deixei, mas você se lembra onde te deixei?
-Como poderia esquecer, você me deixou em um caminho sem volta, amargurado, sem expectativas de seguir em frente, agora eu sou um nada por sua causa Lizie você é culpada pela minha vida mediocre de hoje, lembra-se da faculdade que eu estava cursando? Eu abandonei Lizie por sua causa, eu não pude aguentar esse tranco, agora resta-me juntar o meus cacos e tentar seguir em frente...
-Edu, esse não foi o caminho que deixei, eu havia lhe convencido a cursar uma faculdade, você estava indo bem, eu lhe ensinei escrever poesia para seu alívio de alma, eu havia lhe mostrado que a vida não é apenas banho e quarto, havia progresso em você, eu lhe deixei nesse caminho, o caminho da racionalidade, agora você me diz que a culpa é minha? A culpa é sua por não aguentar o primeiro xeque da vida, juntar cacos? seguir em frente? Ora já faz um ano e você ainda não decidiu seguir em frente? Sabe eu não precisei de ninguém para me mostrar que a vida é feita de expectativas e frustações, eu não precisei de ninguém me mostrar que cursar uma faculdade seria bom para mim, ninguém me ensinou a escrever poesia, a solidão da minha própria alma rabiscava os versos para mim, e eu fui apredendo com ela, e quando eu era jogada para fora da pista por me considerarem, minguada demais, eu me virava por mim mesma com meus meios, e jogava para fora tudo o que sentia, e naturalmente os sentimentos eram transformados em versos, versos da minha dor de alma, eu por mim mesma decidi  não desistir em meio as adversidades, não Edu a culpa  não é minha, a culpa é sua por esquecer de si mesmo e colocar, facilidades como um pedestal na sua vida.
-Pois bem Lizie, agora resta-me lamentar por você, por sua incompreensão e insensibilidade, resta-me apenas tomar um banho e lamentar-se no meu quarto por ter conhecido você, resta-me apenas envelhecer e ver que fui o mais infeliz dos seres, a minha vida de agora em diante se resumirá nisso.
-Para mim, a vida se resumirá nisso, lutar pelos meus objetivos, e mostrar para aqueles que criam na minha incapacidade, a crerem na minha capacidade, a minha se resumirá em lutar sempre, e envelhecer com um pensamento:  -Eu lutei, posso não ter conseguido tudo o que queria mas lutei por tudo que me convencia que eu era capaz.

quarta-feira, 9 de março de 2016

Amor favorável


-Homens são todos iguais não existe homem que não traí, não existe homem de uma só mulher...
-Não, existe sim, o meu é só meu... Aliás, até que eu saiba de alguma coisa...
Risadinhas...
-Existe sim, embora seja minoria mas ainda existe.
Ouve-se uma voz convicta do que está dizendo quase atropelada pelas ondas do café na boca.
-Não existe, não tem como...
Entre risadas e opiniões opostas calam-se as três vozes, ao lembrarem que na salinha do lado, há uma pessoinha, digitando continuamente o teclado, óbvio um ser de outro gênero: homem.
Talvez esteja em frente ao computador nesse instante a pessoa mais otimista entre todos os humanos da terra, ao acreditar que exista amor verdadeiro, faz sentido estar ao lado de alguém que não confia e há dúvidas sobre a sua fidelidade? Para mim não...Faz sentido viver fazer aniversários amadurecer ideias e crer que não exista amor verdadeiro e fiel? Que "tooodos" os portadores do cromossomo XY sejam todos iguais? É irrecusável isso não entra na minha cabeça.
Não que eu esteja romanceando ao extremo ao ponto de acreditar em contos de fadas e finais sempre felizes para os restos dos dias, eu estou acreditando ao ponto de dizer com propriedade que nesse, nosso mundinho moderno e sem expectativas de sentimentos humanos ainda existe amor... Se não existe porque você escreve poesias enquanto reflete sobre seu estado emocional? Se não existe porque ouve músicas românticas? Nunca parou para analisar velhinhos andando pelas ruas de mãos dadas com rostinhos satisfeitos? Nunca ouviu uma declaração de um senhor de 70 anos de idade dizendo à sua esposa que ela é linda, mesmo vendo rugas no seu rosto? É como encontrar uma agulha no palheiro, você sabe da sua existência em meio aquele amontoado de bagunças e capins secos, é difícil de ser encontrada, mas ela existe e você sabe da sua existência em algum canto ali.
Decepções, ilusões... seu estado de agora tem feito você a não acreditar mais em sentimentos verdadeiros? Mas já parou para pensar que talvez sua incredulidade "amorfóbica" seja culpa de si mesmo? Acreditou demais? Amou demais? Fez demais? Escondeu de si mesmo a verdade?
Talvez o amor que você esteja vivendo ou viveu algum dia, é favorável ou foi favorável a si mesmo, o amor adaptativo... Você seleciona as pessoas que viverão ao seu redor, amigos ou coisa do tipo, já observou que geralmente nossos amigos mais chegados tem os pensamentos quase iguais aos nossos,  os mesmo gostos, até mesmo roupas? Ouvi por aí que os estudos comprovaram que amigos são geneticamente semelhantes... Imagine amor... Você é assim e quer amor assado, se você é assim você terá assim, se for assado terá assado. Lugares onde você costuma frequentar é assim ou assado? Se é assim como você quer encontrar assado ali? Mais valores por favor! Existem formigas no formigueiro não abelhas, felicidade vai ao encontro de todos meu caro, se você não nasce com ela tem o poder de busca-la e encontra-la para si com suas próprias forças, mas só uma coisinha, se és abelha procure uma colmeia, sem formigueiros por favor! depois não vá reclamar e dizer que sentimento verdadeiro não existe, você buscou em lugar errado buscou na pessoa errada.
Pois bem, não que o amor não exista, talvez você não o encontrou ou não soube vivê-lo.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Cartas "esquecidas"



Cartas jogadas sobre o chão da sala, cartas memorizadas em cada rabisco de palavras erradas, cartas lembradas e agora esquecidas, ela abriu a porta da sala e rodeou a casa , como se pensasse em fazer mais alguma coisa, não encontrou o que queria voltou e sentou-se novamente no chão e as leu novamente, as leu pela última vez, ela sabia que aquele era o último momento que as veria, elas não mais a pertenceria, pertenceriam a terra ou qualquer outra pessoa que as encontrasse, pensou em queima-las, queima-las não, queria que fossem gravadas na memória de alguém como ficaram na sua memória um dia, queima-las seria como aniquila-las de seu poder sensibilistico e isso não era a sua vontade. Enterra-las, sim, enterra-las na porta da sala, elas se degenerariam com os meses e se transformariam em pó, lembrou-se do que o professor falara um dia, que petróleo são restos decompostos de florestas e animais da antiguidade, para ela suas cartas eram parte de uma floresta, os papéis foram um dia árvores derrubadas e cortadas, transformadas em páginas vazias, sim suas cartas se transformariam em petróleo, alguém as usaria um dia sem saber de sua importância sem notar que o líquido homogêneo um dia fora uma carta branca cheio de vazios de alma. Mesmo que não fosse verdade isso a fazia feliz, acreditar que suas cartas um dia teriam um preço que hoje não tinham. Pensou novamente e chegou a sua teoria, Petróleo? para quê transforma-las em em algo valioso que poderia ser usado para fazer mal a alguém? Não, ela não queria que suas cartas fossem lembradas como parte de algo ruim queria transforma-las em delicadeza de espírito... Não as enterraria para que virassem pó, as enterraria para que virasse lembrança e história. Foi até o quarto e trouxe uma caixinha de plástico retangular, sim, as colocaria e as enterraria como se fosse um tesouro perdido que seria encontrado um dia, as dobrou vagarosamente e junto com elas colocou um pingente, seu único pingente de ouro, não exatamente ouro mas banhado a ouro, escreveu a última anotação em uma folha branca e colocou por cima do entulho das cartas.

"Vazios de uma alma esquecida"

Imaginou uma criança brincando no terreiro e encontrando aquela preciosidade secreta, leria vazios de uma alma e não entenderia nada, chamaria a mãe na cozinha e contaria sobre o seu tesouro encontrado, a mãe leria as cartas e as guardaria como lembranças encontradas de uma alma vazia e esquecida, apenas isso e elas passariam de geração em geração naquela família...

Imaginou outra hipótese, uma adolescente de aproximadamente 17 anos rodeava a casa como ela fizera naquela tarde, seus olhos estavam vermelhos, seus cabelos negros bagunçados, estava descalço, pegou alguma coisa escondida na área, uma faca, ela segurava a faca e voltava em direção a porta da sala, sentou-se debaixo da arvorezinha que enfeitava o terreiro e chorava incontrolavelmente, deitou a cabeça sobre os joelhos e brincava de passar a faca sobre seu pés, levantou os olhos passou com força o lado contrario da faca sobre os pulsos, e a lançou sobre a terra úmida, percebeu que perfurava algo de baixo da terra, houve dor dentro si ao imaginar que poderia estar perfurando o casco de um inocente tatu que dormia de baixo da terra fresca, tirou a faca, e teve imensa curiosidade em descobrir o que havia estragado seus possíveis últimos momentos de vida, começou a desenterrar e revirar a terra, suas mãos frágeis e sujas alegraram-se ao encontrar uma caixa de plástico, ressecada e desbotada, havia uma perfuração na tampa e ao abrir deparou-se com papéis dobrados, por cima escrito a seguinte frase: "Vazios de uma alma esquecida" abriu um sorriso ao ler a frase em pensamento, pois era justamente o que sentia, vazio, vazio na alma, sentia-se como uma alma esquecida e aniquilada, mais que rapidamente descobriu-se todas elas e pôs-se a lê-las, percebeu que a autora das cartas contava seus vazios de alma descrevia derrotas e vitórias, as vezes chorava com as palavras as vezes sorria com elas, tampou o buraco que ficara na terra, e esqueceu-se a faca jogada debaixo da árvore foi até seu quarto e terminou de lê-las com maravilhosa paciência, a autora na época com 22 anos chorava na carta seguinte e sentia-se como alma vazia e fragilizada, abandonada sobre o teto do mundo, escrevia a alguém que não conhecia contava sua vida como se tivesse certeza que alguém com as mesmas dores as encontraria um dia, levantou-se da cama e as guardou novamente do jeito que as havia encontrado, ao pô-las percebeu alguma coisa no fundo da caixa, era um pingente, pequeno e brilhante uma tartaruguinha com olhinhos de vidro que a olhava como se tivesse vivenciando aquele momento, ela sorriu ao coloca-la no fundo novamente, olhando para a perfuração da caixa pensou em reconstruí-la, mas desistiu ao pensar que sempre se lembraria daquele momento, abriu a última gaveta da cômoda e a guardou. voltou para a sala e lembrou-se da faca jogada no terreiro foi à pia a lavou e a guardou na gaveta da cozinha, olhando para as unhas sujas de terra olhou no espelho e prendeu o cabelo num coque, pegou a toalha e foi para o banheiro, em seguida viu na mesa da sala um livro, Tempos de neve, esse era o título, deitou-se no sofá e pôs -se a lê-lo durante toda a tarde, esperando o retorno da mãe....

Ela gostou da segunda hipótese, e com um sorriso meigo no rosto enterrou a caixa, sentada na porta da sala admirou ao notar que alegrava-se ao ver o sol se pôr, e mais uma vez sorriu, fechando a porta da sala.