domingo, 28 de junho de 2015

Aquela chuva


Estava chovendo  uma chuva grossa, que fazia os pássaros  esconderem e agradecerem com seu canto, o céu estava fechado, trovões resonavam de vez em quando,  era uma tarde fria e tranquila, ainda era cedo para anoitecer mas o céu negro vendava a luminosidade do dia, embora ser ainda umas 17:00, deitada no meu quarto eu ouvia o som da chuva no telhado, as vezes parecia que o telhado não iria suportar o peso das gotas, depois parecia que chovia granizio, o telhado não havia sido derrubado, ainda permanecia firme na sua obrigação, também não chovia granizio, era meu pensamento que estava ao contrário, me levava longe de qualquer coisa fora da realidade, o rádio da cozinha permanecia ligado, e embalava uma música que se ouvia ao longe, a voz do cantor  embaralhada com o estrondo da chuva, tornava as palavras incompreensíveis, estava frio fazia uns 15 graus provavelmente, as janelas e a porta da sala estavam fechadas, a casa estava escura mas me trazia calma como a noite.
 Resolvi pegar um livro que a muito tempo estava para ser lido, mas muitas vezes havia sido adiado por mim, um livro inacabado e desleixado, folheei até a última página, e percebi que havia 300 páginas, senti aliviada a supor que pelo menos umas 200 já haviam sido lidas, por curiosidade do acaso resolvi olhar em que página eu o havia abandonado, 50, essa era a página, senti-me decepcionada comigo mesma, havia um longo caminho a ser percorrido, eu sabia que era um bom livro, não era o número de páginas o título, ou o autor o meu infortúnio, pra dizer, nem eu sabia, eu o havia abandonado, por outro mais grosso, e já o havia terminado a algum tempo, então qual era o motivo do o abandono? 
Era minha obrigação termina-lo, havia uma história incrível que estava a minha espera, havia personagens  para serem odiados e amados, haviam palavras de outra pessoa que queriam se mostrar a mim, segredos do autor escondidos atrás dos personagens. Pego o livro desprezado e resolvo lê-lo na varanda da sala, reviro o guarda roupa a procurara de um agasalho, encontro um casaquinho de lã falsa, que estava esquecido, como o livro, visto-o, quando me inclino para pegar o livro sobre a cama, chega minha cachorrinha, Isny, a balançar sua calda curta, estava tão gordinha, que parecia um leitãozinho,  na fase de lactação, sento na cama para acaricia-la um pouco, sua barriguinha ainda livre de pelos, estava tão quentinha, que eu poderia supor que aproximava uns 40 graus, não resisto e coloco minhas mãos frias sobre ela, ouve repulsa de sua parte, respeitei  sua opinião a respeito do frio, que era a mesma que a minha, retirei minhas mãos e a coloquei no chão, e fui para a varanda, mal me sentei na cadeira fria de ferro, e chega Isny, coloco-a no colo junto ao livro, que coloca as patinhas sobre as folhas, com seus olhinhos atentos.
 Resolvendo não perder mais tempo com aquela criaturinha de nariz molhado, prossigo minha leitura, passado uns 5 minutinhos, eu já havia me cansado, fecho o livro com força que acorda Isny que dormia no meu colo, eu não suportaria aquela leitura, deveria suportar, mas aquele não era o meu dia para livros, abandono o livro no colo, e começo a observar o tempo, as pessoas que passavam, havia um senhor que empurrava sua bicicleta, provavelmente voltava de um dia de trabalho, em seguida observo um rapaz que teve seu guarda chuva destruído pelo vento, parado em baixo de uma árvore tentava conserta-lo, a chuva aumentava, e o pobrezinho desnorteado, sai correndo morro a baixo, escorrega e cai sobre uma enorme poça de água, sem pensar duas vezes em guarda chuva ou outro coisa que pudesse me proteger da tempestade, desço até o portão e vou ao encontro do pobre moço. Pergunto-o se havia se ferido, disse que não, mas percebo que estava mancando, grito minha vó, a única pessoa que estava presente em casa, que sai na varanda e pergunta o que estava acontecendo, diz para trazer o moço pra dentro de casa.
Ele se senta na varanda  todo molhado e envergonhado pelo acontecimento diz:
- Nossa que chuva hein?
 minha vó retrucando diz:
 -É... que chuva, e o que você faz nessa tempestade? não deveria estar em casa?
 Ele abaixa a cabeça envergonhado, e diz que iria comprar algumas coisas no mercado mas percebe que estava fechado, assim como todos os estabelecimentos da cidade.
 Minha vó o convida  para dentro de casa, estava frio, e as coisas poderiam se tornar piores, arrastando um dos pés ele entra, e senta no sofá, percebo que meu livro havia ficado lá fora e volto para pega-lo e o coloco em cima do sofá. Nesse momento vó aparece com um copo de café da cozinha e dá ao rapaz, e comenta que era uma burrice da parte dele, era aniversário da cidade, e era inútil propagar por ali a procura de algum mercado aberto, e pergunta se ele não sabia disso, ele diz que não, pois não era da cidade estava de passagem na casa de uma tia. Minha vó percebendo que estava muito molhado sugere que ele troque de roupa, e me pergunta se eu não sabia alguma roupa do meu pai que poderia emprestar ou dar, eu digo que não, que só mãe poderia dizer.
 Ela vai em direção ao quarto dos meus pais a procura de alguma coisa, ele terminando seu copo de café, coloca-o sobre a mesinha no centro da sala, e avistando o meu livro sobre  o sofá lê o título em voz alta: "Tempos de neve", e me pergunta, se eu gostava daquele livro, e antes que eu pudesse responder, ele conta de já o ter lido 2 vezes e que era simplesmente incrível a história, penso um pouco antes de responder , se valia a pena mentir ou dizer a verdade, bem, seria uma vergonha dizer a uma pessoa que já havia lido 2 vezes, um clássico, enquanto eu não conseguira passar de 5o folhas, digo que sim, e que eu havia apreciado muito, ele sorri, e antes que pudesse dizer mais alguma coisa, minha avó chega com uma camisa e uma calça de moletom, a calça era da minha mãe, mas não atrevi a dizer, erguendo as roupas para o rapaz diz para ele se trocar, ele reluta dizendo que não precisava, minha vó sem paciência diz:
 -Filho troque e ande rápido você está  molhando o sofá! o banheiro é logo ali.
 Ele pede desculpas umas 3 vezes pelo sofá, e só então vai em direção ao banheiro, minha vó  percebendo que ele estava mancando  pergunta se havia se machucado ele diz que não, que era apenas um torção de tornozelo, e entra no banheiro, minha avó comenta comigo que era um rapaz folgado e desleixado, que dava certo comigo, sem graça levando meu livro para o quarto digo:
 -Vó  não faça cerimônia!
 Ela dá uma risadinha e começa a reclamar do sofá molhado,  chegando do banheiro vendo minha vó inclinada sobre o sofá com um pano nas mãos, mais uma vez ele pede desculpas, agradece pelas roupas e diz que era hora de voltar pra casa, minha avó o aconselha, a esperar mais um pouco  a chuva ainda estava grossa,  e diz para esperar meu pai ou minha mãe retornarem, que um deles o levaria de volta para casa. Decidido ele se joga no sofá novamente.
 Foi então que constatei que a min há vó tinha razão ele era mesmo folgado, mas não tinha razão ao dizer que dava certo comigo, eu não era folgada tão pouco engraçada, mas sua companhia era agradável, ele não dizia quase nada a não ser que o perguntassem, mas era agradável, minha vó também se senta e o oferece mais café, ele nega e agradece.
 Eu estava em pé, distraída escorada na porta, minha vó me chama e diz alguma coisa que não entendo pela distração, percebendo que eu não entendia, ela dá uma risadinha olhando para o rapaz que retribui para ela, logo em seguida   olha para mim, e repete a pergunta:
-Não vai se sentar Priscila?
 Me sento, e digo:
 -Desculpe vó eu não havia te ouvido.
 Envergonhada da minha situação, percebo minhas bochechas  se tronarem quentes, e que com certeza já estavam vermelhas,  quieta  no meu canto, penso o quanto seria bom ter Isny por ali para me aliviar daquele embaraço, mal  retornando à realidade, surge Isny a pular sobre minhas pernas, ele, o moço comenta como  era bonitinha a cadelinha, e pergunta se era minha, ao ter a resposta como positivo, olhando dentro dos meus olhos, sorri e diz:
 -Como é bela!
 Não entendendo essa expressão nem a olhada firme nos olhos, sorrio, e finjo brincar com minha cadela, minha vó olha pra ele, e balança a cabeça, ele, um pouco sem graça suspira fundo, e olha a janela. A sala estava em silêncio e aquele silêncio me incomodava profundamente tentei pensar em algo a dizer mas temendo mais uma insegurança  da minha parte, decido ficar calada,  minha vó  era a mais velha da sala, e se era decisão dela manter a sala em silêncio eu não iria me atrever.
Eu torcia para que meus pais retornassem logo para casa e levassem aquele desconhecido o mais rápido possível. Enfim, meus pais chegam, e percebo o espanto no rosto dos dois , cumprimentam o estranho, e perguntam se eram um amigo meu, conto o ocorrido, e percebo que a historia deixa nosso hospede um tanto sem jeito, minha vó então diz que deveríamos leva-lo para casa, pois estava com o tornozelo fora do lugar, eles concordam,  meu pai, pega a chave do carro que ainda estava sobre a mesa e em direção a porta chama-o:
 -Então vamos meu rapaz? agradecendo e despedindo, vai em direção, a porta, ele me destina um sorriso o qual retribuo, e desejando melhoras, ele me responde dizendo já estar melhor pra não me preocupar e agradece.
Fico a porta, olhando o carro sumir na chuva, lá ia um estranho que enfeitara a minha tarde de verão, naquele carro ia uma companhia que havia me proporcionado, momentos de enobrecimento, e agradáveis também, ia-se uma criatura que eu não sabia, sequer o nome, e que provavelmente não iria ver nunca mais.... Minha vó e minha mãe conversavam na cozinha, e chegando lá vó me impressiona com uma exclamação:
-É... Priscila ele se foi.... mas ainda há esperança minha filha, ele sabe onde te encontrar.
 Mãe olha para mim e dirige a minha vó, a pergunta:
-Porque diz isso mãe?  a nossa senhoritazinha, agradou dessa visita inesperada?
 minha vó sorri e diz:
 -O nome dele Priscila é Fabrício Priscila.
 Puxando uma cadeira para me sentar, digo a minha vó como ela estava sendo insensata precipitando um sentimento a mim sem eu apenas dizer uma palavra.
Me sento, suspiro fundo e penso:
 Fabricio......
  

quarta-feira, 10 de junho de 2015

A praça

             
Todos vivendo sua vida, interiores diferentes, gostos, roupas linguagens...
Observo três moças aparentemente rokeiras, conversam de um assunto que não ouço, só sei que uma saí as meio dia da escola. Há uma, a menos feminina com tatuagens nas costas e nos braços cabelos brancos descoloridos, vão embora a mais feminina e a de tatuagens. Não vejo a outra, vão embora me deixando com minhas meras observações. Aparece outra,  cabelos verdes é bonita delicada...
Lotações ,ônibus,  pessoas e pessoas crianças, adultos, velhinhos.
Vivendo suas vidas seus dilemas..