sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Os peixinhos!

 
-Olha eu vou e já volto e quando eu voltar se vocês tiverem matado os peixinhos por maldade eu nunca mais dou vocês outros hein?


Diz o pai como se já lhes dessem uma frase moralista: Não mateis os peixes da terra!

Sabe quando você sem querer ouve uma conversa de vizinho e você curioso para saber o final do enredo põem-se a parar o que está fazendo e sensibiliza os ouvidos? pois bem, é o que me ocorreu alguns dias atrás...

Eu estava na área quando de repente ouço essa frase acima, não me lembro o que eu fazia mas confesso, eu fiz feio, aprimorei os ouvidos só para saber o final da aventura das criancinhas daquela casa, um casal de garotinhos.

-Nossa gente vocês são difíceis demais bem a mãe de vocês falam, eu não acredito que vocês mataram os peixes por maldade!

A mãe rapidamente aparece na varanda ao ouvir as palavras: matar, peixes, detergente, desperdicio, dinheiro jogado fora.

-Porque vocês mataram os "pexe"!!! Quem matou os "pexe" colocando na água com detergente?!

-Eu matei mãe.

Responde uma voz tímida e apreensiva após o ato do crime com voz de culpado mas tão pouco arrependido.

-Marcos você matou os "pexe" colocando na água com detergente!?

Eu queria ouvir mais, mas não foi dessa vez...

O que teria passado na cabecinha de Marcos em ter a ideia de jogar os pobres peixinhos no suposto holocausto hídrico?

Seria a curiosidade de saber a reação dos peixinhos ao agonizar na água tóxica?

Faço essa pergunta porque quando criança já tive esse meu lado malvado, essa curiosidade em saber a reação da vida até seu último fôlego, ou simplesmente a pergunta que já soou muitas vezes na minha cabecinha de criança: O que será que acontece se eu colocar esse bichinho aqui hein? ou, será se eu fizer assim ou assado ele morre?

È uma atitude que tão pouco me dá orgulho mas os pobrezinhos dos insetos já sofreram comigo principalmente formigas. Eu adorava ficar olhando por horas aquelas formigas cabeçudas(formigas facilmente encontradas na fazenda onde morava) dando duro pelo pão de cada dia carregando folhinhas e mais folhinhas para dentro da casa, gostava de ajuda-las a carregar as suas folhas, mas em meio há essas ajudas também aconteciam "assassinatos", ora sem querer ora por querer, eu gostava de aprecia-las trabalhando e não entendia o porque as vezes batia aquela curiosidade em matar algumas de vez em quando.

Até que... Lembra daquele filme Lucas o intruso no formigueiro? pois bem, ele me fez sentir remoço em fazer tal crueldade, eu via como as formiguinhas agonizavam e faziam de tudo pela sobrevivência, e depois ter que recontruir tudo... Elas tinham família...

O chefe das formigas falou uma frase a qual ficou marcada: "Fazem isso por nada, o que fizemos para que seja feito tal crueldade?"
Eu adorei o filme e o assistir um monte de vezes, sim ele me deu uma liçaõ de moral, Lembrava das balinhas que elas chamavam de pedra doce no formigueiro, da lagartinha que excretava uma espécie de gelatina verde, a qual era apreciada e favoritada pelo formigueiro, lembrava dos olhinhos grandes da formiguinha principal... E acompanhada dessa lição também havia medo, medo de suceder comigo o que ocorreu com Lucas, de ser atingida por aquelas arminhas de encolhimneto desenvolvidas por um dos principais personagens formigas, o rival número 1 de Lucas.

Fiz primaveras e percebi que era impossível formiguinhas desenvolverem aquelas armas "fatais", e junto com o tempo percebi o quão menina malvada eu estava sendo e dentro de mim nasceu um sincero arrependimento. Não fazia mais aquilo por medo e por compaixão mas apenas por reconhecer que eram seres vivos sentiam dores como seres humanos sentem, e mereciam estarem vivas como eu estava, percebi como era feio uma menina fazer um ato tão mesquinho.

È engraçado como vamos mudando com o tempo como detalhes tão simples fazem toda a diferença na nossa personalidade, como nossa ingenuidade de criança aos poucos vai dando lugar a razão. A vida nos forma sem percebermos e quando damos por nós já somos o que somos, não matamos mais formiguinhas inocentes, não descemos um morro em cima de uma bicicleta sem freio, não arriscamos nossa vida tentando pegar uma flor aquática em cima de uma estreita ponte de madeira.

A inocência de criança nos cega em reconhecer atos perigosos e inconsequentes, somos levados por uma emoção inocente que lentamente vamos deixando para trás sem perceber que mudamos...

Como é bom olhar para o passado e perceber que fomos formados com o tempo!

Como é bom lembrar que um dia fomos tão inocentes! que até uma areia na varanda te dava milhares de ideias de brincadeiras! Hoje como jovem adulta percebo como é bom dar valor a coisas tão simples que nos fazem crescer e apreciar a vida!

Pobres peixinhos dourados, peixinhos do mar, peixinhos tirados do seu lar infinito levados para uma casa onde pensaram encontrar a verdadeira paz de espírito

Peixinhos brejeiros, peixinhos ligeiros que nadavam circulosamente, no fundo do aquario de vidro.

Agora as plantinhas artificiais caídas sobre o fundo daquele mar minúsculo ainda guardam as poucas salgas na memória daquelas criaturinhas escorregadias que alegravam os seus dias.

Saudações aos peixinhos, que me fizeram enxergar beleza de vida em tão simples detalhes!






 






 

 

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